segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Lembranças Escritas

A perpexidade dos fatos
Muitas vezes me assusta.
Por meses me pus a fingir
Que nada sentia
Tratei desse sentimento
Como se trata uma minúscula pedra na rua.

Após meses de devaneios nas madrugadas
De amizades surrupiadas
Desventuras, paixonites e atrações por status,
Encontrei o que não queria encontrar.
Palavras suas “perdidas” entre as minhas
Gravadas em minha poesia
Recoberta de sentimentos e lamentos
Sem negar o que um dia existia.

Ainda não encontrei forças para ler
Pois só de saber que a letra é tua
Meu corpo treme, gela, ignora.
Como uma criança com medo,
Acuo-me no canto.
Sinto que te perdi novamente
O que é pior,
Antes eu tinha o que perder, hoje só restam-me lembranças.

Em noites vagas, choro e disperto lamentos,
Por não conseguir controlar meus sentimentos.
Atravesso as noites triste e calado
Sonhando e relembrando
Que um dia tudo foi diferente.

Guardo em mim

Tenho guardado em mim
As vagas lembranças
Deste teu cheiro incomum.

Como se fosse impossível perceber
Que teu corpo possui um perfume único
Que muitas flores invejam.

Ainda guardo comigo
Algumas de tuas roupas
Dentre outros objetos pessoais.
Guardado em uma caixa com seda
Dentro de um armário chaveado, em meu pensamento.

Sempre levo comigo
Alguns costumes bobos.
Frases secretas e gestos singelos
Que só fazem sentido contigo.

Às vezes ainda carrego em meus dedos
O elo em forma de compromisso,
Com a esperanças de tu voltar.

Hoje guardo em mim
Vagas lembranças de uma vida,
Que não sei se vivi ou se sonhei.

Perdidamente Deslocado

Estou querendo arranjar explicação
Para este sentimento que estou a sentir
De tanto passar de mão em mão
Hoje tenho medo de me iludir

Sinto, em partes, que estou perdido.
Não sei até onde posso ir sem mentir
Sem sentir, sem estar, sem ser quem sou.

Sinto-me deslocado, é estranho, como esse novo (nem tão novo), me assusta de uma maneira aderradora.
Como se raiva e ódio estivessem unidos por esse elo forte como a água.

Essa água que escorre de meus póros
É de tanto correr nesse labirinto imundo.
O suor que hoje mata minha sede,
Também é o mesmo que tentou me afogar.
Sem ele, hoje, nem me vejo longe,
Mas sinto que ainda vai trazer-me
O novo fôlego pra respirar teu perfume.

Ainda não achei a explicação que procurava
Porém encontrei um caminho.
Se me sinto perdido e deslocado
Deve ser medo de ficar sozinho.

Quatro dias sem tu

Já fazem quatro dias sem sol,
Sem chuva, nem calor, nem frio.
Dias cinzas e amargos,
Sem risos, dias vazios.

Depois que tu se foi,
O sol, o calor, o vento, a luz sumiram.
Como se o mundo girasse a tua volta.
E tudo ficou vazio,
Sem cor, cheiro ou sabor.

Não sentir teu perfume
Evazando pelos corredores
É o mesmo que não sentir o ar nos pulmões.

Ficar dependente de ti,
Como uma droga, um vício.
Tão dependente dessa inocência
De menina mimada e vulgar

Dependente de ti,
Viciado no sol, no calor.
Não te ver é não ver a cor,
É não sentir o cheiro,
É não ter sabor.

Esses quatro dias longe de tu,
Foram quatro dias em um inferno
Em que nem o diabo quis morar.

Quero que chova

Essa chuva que cai
Tão gelada e cortante
Esconde minhas lágrimas
Torna-me inquietante.

Queria que a chuva fosse canivete
Para cortar meus sentimentos, fatiar meus anseios.
Queria que fosse ácido
Para consumir de mim, esse desejo gritante de te ver.

Que essa chuva me deixasse sem ar,
Que meu último suspiro fosse afogado,
Que meu corpo molhado e pálido
Caísse perante teus olhos
E tu pudesses me afagar em teus braços.

Molha chuva meu rosto,
Esconde minhas lágrimas
Pois vou chorar muito ainda
E quero que chova mais e mais

Quero acordar desse pesadelo,
Quero abrir os olhos e ver o sol.
Quero novamente teu abraço
Teu sorriso, teus olhos,
Quero teu carinho, teu afago.
Quero que chova, para que não me veja chorar.

Sonho Ruim

É triste apenas conviver com tua lembrança.
E pensar que já fomos tão mais próximos.
Convivo dia-a-dia com o desafio de ter apenas essa única lembrança.
Com o desafio de tentar me aproximar novamente.
Convivo com a infelicidade de te ver nos braços de outro.

Às vezes penso ouvir tua voz,
Seja em um simples sussurrar ou em berros escandalosos.
Teu cheiro, esse sim, posso jurar que sinto todos os dias pela manhã.
Quando estou sozinho em casa, ou trancado em meu quarto,
Ouço barulhos pela casa,
Fico olhando fixamente para porta, esperando que tu abra, e diga que tudo não passou de um sonho ruim.

É impossível olhar para o aquária e não chorar.
Tuas coisas jogadas no canto da sala, sempre me fizeram lembrar,
Aquele tempo que te fez tão feliz, hoje não existe mais.
Só de pensar que tu tens apenas as mágoas guardadas,
Minha mente distorce e meu coração trava.

Quero apenas acordar e ver que esse sonho tão ruim, não passa de um sonho.
Um sonho que assusta e machuca, mas que sempre acaba.